terça-feira, 9 de outubro de 2012

A vida é feita de escolhas

Primavera Árabe 2.jpg Jovens, eu lhes escrevi, porque vocês são fortes, e em vocês a Palavra de Deus permanece e vocês venceram o maligno.“ I João 2.14
Os jovens cristãos do século 21 não têm desculpas para não fazer deste, um mundo melhor. Nós temos uma causa pela qual lutar; temos um livro que nos dá estratégias para isso; temos até as redes sociais para nos auxiliar e mais: temos a força descrita em I João 2.14. Então, o que estamos esperando?

Após décadas vivendo debaixo de ditaduras militares, jovens de vários países do mundo árabe foram às ruas protestar contra seus governos, num episódio conhecido como “primavera árabe”. O que teria motivado esses jovens? E o que os ajudou a formar um movimento de protestos tão bem integrado e coeso? Há duas explicações básicas para isso. Em primeiro lugar, foi a iniciativa de um único jovem: no dia 16 de dezembro de 2010, um jovem comerciante de 26 anos, da Tunísia, chamado Mohammed Bouazizi, ateou fogo ao próprio corpo em protesto aos abusos que vinha sofrendo por parte das autoridades tunisianas. O jovem morreu 23 dias após sua internação. Em segundo lugar, foi o alcance das redes sociais(facebook, twitter, blogs, sites), que ligam os jovens nas mais diferentes partes do mundo.

A morte do jovem Bouazizi foi o estopim para as revoltas na Tunísia. Isso desencadeou revoltas nos demais países da África, como Egito, Líbia e Argélia, e do Oriente Médio, como Bahrein, Síria, Iêmen, Omã, entre outros. O ano de 2011 viu a queda de vários ditadores e a possibilidade de se escrever uma nova história nos países árabes. Após mais de um ano do início das manifestações, o único país que conseguiu eleger um primeiro-ministro de modo democrático foi a Tunísia. Nos outros há ainda um clima de incertezas e indefinições.

A despeito dos rumos que tome a política desses países, durante as revoltas foi possível ver cenas raras, em que jovens muçulmanos e cristãos foram às ruas protestar e lutar pelos mesmos ideais, por objetivos comuns. Não eram os laços religiosos que os uniam, muito menos laços políticos – pois não carregavam bandeiras ou estandartes de partidos políticos – mas o senso de justiça e liberdade. É bom ressaltar que, nesses países, há uma clara divisão, além de tensão religiosa, entre as diferentes correntes islâmicas e entre elas e os cristãos. Porém os jovens deixaram seus interesses individuais e preferências religiosas para trás para lutar lado a lado por objetivos comuns.

Jovens cristãos ampliam sua visão
Abella*, uma jovem síria de 20 e poucos anos, compartilhou com alguns colaboradores da Portas Abertas sobre como Deus mudou seu ponto de vista durante a Primavera Árabe: “No início, fiquei com muito medo. Todas as noites, quando eu ia me deitar, temia muito por causa de todas as notícias que vi na TV”. Ela pensava que a situação para um dia li um texto que me lembrou do nome do coral que faço parte: ‘Coral da Paz’. O nome do grupo me fez pensar sobre como eu poderia ser parte do ‘Coral da Paz’ sem ter paz em meu coração como cristã?”. Abella orou e passou um tempo conversando com Deus a respeito disso. “Eu compreendi que a minha paz vem do céu e não da terra. Eu oro para que outras pessoas também recebam essa paz em seu coração.”

Outra jovem cristã, Leah*, disse que, com todos os tristes acontecimentos em seu país, ela descobriu a importância da oração em conjunto. “Antes, não achava que fazia diferença. Então, comecei a ver como o povo de Deus estava unido em jejum e oração, e compreendi que isso é ser o Corpo de Cristo. Minha fé ficou mais forte porque percebi que não estou sozinha. Eu aprendi a amar mais meu país e a orar não só por mim, mas por necessidades maiores”.

Talvez a situação dos cristãos nesses países de maioria muçulmana não mude muito de agora em diante. Não há nenhuma garantia de que terão mais liberdade religiosa ou mesmo melhorias sociais, mas os jovens cristãos demonstraram que, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pela igreja nesses lugares, ela não está preocupada apenas com seus próprios interesses e tem procurado ser exemplo.

Escolhas e atitudes que ecoam para a a eternidadeTodo jovem carrega dentro de si um espírito aventureiro e revolucionário. Todo jovem é um desbravador, um sonhador, um guerreiro que se arrisca por aquilo em que acredita. O jovem precisa canalizar as suas emoções, as energias, o vigor da juventude e sua vontade de mudar o mundo em algum lugar. O fato é que suas atitudes “ecoarão na eternidade”. Os dois personagens históricos citados a seguir serão utilizados como uma ilustração, e não devem ser comparados entre si.

Aos 27 anos de idade, dois jovens que nasceram em diferentes contextos e países começaram uma jornada em que seus atos marcariam gerações. Ambos nasceram em famílias muito pobres, viram suas pátrias serem invadidas por exércitos de outros países e, na juventude, tornaram-se militares. Ambos tinham grandes sonhos e objetivos para suas vidas. Mas, num determinado momento, suas vidas tomaram um rumo diferente. O primeiro resolveu entregar “espadas de capa preta” e levar ajuda aos seus “compatriotas”, que estavam morrendo nos "campos de batalha", lutando contra um inimigo invisível, porém real. O segundo escolheu dar aos seus compatriotas armas de fogo e munições para derrubar um regime político e se estabelecer no poder. O primeiro dedicou 50 anos de sua vida à expansão de um reino que não terá fim. O segundo dedicou 40 anos de sua vida à manutenção de um governo terreno que não subsistiu ao tempo, tendo levado milhares de pessoas à morte.

Esses dois personagens são Irmão André (país de origem: Holanda) e Muammar Kadafi (país de origem: Líbia), respectivamente. André dedicou sua vida ao auxílio aos cristãos perseguidos e à expansão do Reino de Deus na terra; Kadafi dedicou sua vida à expansão de um governo pessoal, que o levou à morte em outubro de 2011, durante a “primavera árabe”. Qual a diferença entre estes dois personagens? A escolha. A escolha que fizeram para suas vidas aos 27 anos de idade determinou os rumos de suas histórias e o futuro de milhões de pessoas, cujas vidas dependiam das escolhas feitas lá atrás, na juventude. O fato é que, independentemente de suas escolhas, boas ou más, suas atitudes ecoaram na eternidade e um dia “Deus as trará a julgamento”.

Na história da Igreja temos vários exemplos de jovens que se colocaram à disposição de Deus para mudar a de suas gerações: um deles é o irmão André, fundador da Portas Abertas e que, como pudemos ver acima, em 1955, aos 27 anos, começou seu ministério de ajuda aos cristãos perseguidos. Talvez, os jovens não consigam mudar o mundo ou um continente para melhor com as suas iniciativas e atitudes, mas devem procurar fazer escolhas certas hoje. Se os jovens conseguirem revolucionar para melhor suas casas, familiares, vizinhos e amigos, já terá valido a pena – e isso “ecoará para a eternidade”.

Haverá futuro para os jovens após a Primavera Árabe?
Durante uma conferência realizada pela Portas Abertas Internacional, centenas de jovens de países do Oriente Médio puderam compartilhar suas histórias e pensamentos sobre a Primavera Árabe.

Atrás do púlpito há um banner com o tema da conferência: “Como as águas cobrem o mar, assim a Glória do Senhor cobrirá a Terra”. “Este é o sonho de Deus para o Oriente Médio e para o mundo”, diz um dos líderes de música, “E esse deve ser nosso sonho também”.

Falando sobre o tempo díficil na região, ele diz: “Em meio às dificuldades, fale sobre sua esperança, sobre os sonhos de Deus. Saiba que é no calor que os frutos amadurecem. Deus está nos preparando para a colheita”.

“Estamos vivendo um momento muito especial com a Primavera Árabe. Nos próximos meses, grandes coisas acontecerão nessa região. Mantenha o foco em Deus, em Seu Reino, e Ele fará o resto”.

Um dos palestrantes conta: “Em dezembro de 2010 e janeiro de 2011, realizamos 40 dias de oração e jejum em favor do Egito. Deus nos disse que faria coisas maravilhosas. Deus está interferindo na História. Podemos ler em Atos o que aconteceu quando a Igreja passou por dificuldades. Eles não oraram por sua própria proteção. Oraram para que Deus fosse glorificado”.

O desafio lançado na conferência foi o de continuar a orar pelo Oriente Médio quando esses jovens voltassem para casa. Vamos nós também, Igreja Livre, continuar a orar por eles, que são os responsáveis pela revolução na história.

FontePortas Abertas